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Identificação precoce do autismo ajuda no tratamento

Identificação precoce do autismo ajuda no tratamento

Cerca de 1% da população mundial – ou um em cada 68 crianças – apresenta algum transtorno do espectro do autismo, e a ocorrência da condição neurológica tem aumentado, segundo o Centro de Prevenção e Controle de doenças dos Estados Unidos. A maioria dos afetados é criança.

A psicóloga Mayra Helena Bonifacio Gaiato, mestre em Análise Experimental do Comportamento, explica que, em geral, o diagnóstico do autismo é feito em crianças a partir dos três anos. Alguns casos, entretanto, podem ser identificados antes dos dois anos de idade e alguns sinais reconhecidos até mesmo em bebês menores.

“Quanto mais cedo identificarmos os sintomas e começarmos a tratar, mais chances essa criança tem de ter um futuro com independência e autonomia devido à neuroplasticidade da criança, que é a incrível capacidade que o cérebro tem de se remodelar, de criar novas redes neurais para aprendizagem”, diz a especialista.

Essa identificação do autismo pode ser um trabalho conjunto. Mayra relata que é comum professores afirmarem já terem percebido sinais diferentes em determinado aluno, mas, por serem muito pequenos, preferiam esperar o desenvolvimento para justificar a abordagem aos pais, que normalmente negam ou ficam chateados com a escola. “Então, cultiva-se o problema de esperar que precisamos mudar. Quando os prejuízos são nítidos para todos e já se espalham por várias áreas da vida da criança, buscam ajuda”, explica.

 

Veja abaixo uma lista de sinais, listados pela psicóloga, que podem ajudar a identificar o autismo:

  • O bebê, desde os primeiros meses, gradativamente começa a mostrar necessidade de interação, tende a virar a cabeça na direção chamada. Os bebês com autismo precisam de estímulos mais intensos para atender ao nome, tal como chamar com a voz mais alta e firme e estralar os dedos fazendo barulho.
  • Começa a compartilhar atenção da mãe e pai, seguindo o olhar da mãe ou do pai quando olham para algo próximo, ou olhando para ela quando vê algo interessante, no sentido de expressar “olha que legal isso! Você viu?!”. O bebê com autismo tende a curtir sozinho o que consegue. Não leva para os pais ou para outras crianças.
  • Interage com sorrisos, expressões e afeto quando falamos com eles e fazemos “gracinhas”. Os bebês com autismo demoram para aprender a imitar os pais fazendo “brrrr”, piscar forte ou dar tchau e mandar beijo. Parecem “sérios”, sorriem pouco.
  • Já sabe quem são seus cuidadores e busca-os com o olhar o tempo todo para se sentirem mais seguros. Os bebês com autismo tendem a não reclamar quando vão para o colo ou quando ficam sob cuidado de pessoas diferentes.
  • Busca a face dos adultos para ver suas emoções quando inseguros com algo. Os bebês com autismo não. Apresentam poucas expressões faciais adequadas para a situação.
  • Com um ano de idade as crianças já falam palavrinhas soltas com a intenção de se comunicar. Com 24 meses usam duas palavrinhas juntas com o objetivo de se comunicar com pequenas frases. A criança com autismo pode ter atraso na fala e em outras formas de se comunicar, como apontar, por exemplo. Costumam puxar as pessoas e levar até algo que precisam pegar ao invés de pedir. Podem apresentar fala ecolálica, ou seja, repetição de uma mesma palavrinha várias vezes ou de sentenças de filmes e desenhos.
  • Enquanto as crianças buscam pares para brincar, as crianças com autismo têm interesses restritos e déficits de interesses sociais. Não brincam de faz-de-conta. Espalham os brinquedos e não usam com a função correta. Falta reciprocidade social, ignora quando se aproximam dela para brincar ou conversas. Gostam de coisas brilhantes ou que fazem movimentos repetitivos, tais como ventilador rodando.
  • Podem apresentar movimentos estereotipados e repetitivos, tais como ficar correndo de um lado para outro sem objetivo, abanar as mãos, dar gritinhos, pular e rodar sem sentido.

 

Diagnóstico, e agora?

Mayra explica que ainda é difícil receber o diagnóstico de autismo no Brasil. “A maioria das crianças possui traços e não o autismo clássico que vemos nos filmes e documentários. Por isso, precisamos buscar ajuda de especialistas assim que os sintomas aparecem, mesmo sem o diagnóstico fechado”, diz.

O tratamento para autismo envolve diferentes esferas assim como suporte para a família e para a comunidade, em círculos interconectados: atendimento em casa, consulta médica, escola, reabilitação, pais, irmãos, psicoterapia. “As terapias com melhor eficácia para o tratamento do autismo são as baseadas em métodos comportamentais, conhecidas como ABA – Applied Behavior Analysis”, ressalta a especialista.

Grupos de pais e mães em redes sociais favorecem a troca de informações entre pessoas que passam pela mesma dificuldade. Além disso, ONGs (Organizações Não Governamentais) e associações podem ser aliadas na busca por informações. Mayra destaca o site “autistólogos” e a ONG Autismo e Realidade. Em seu canal no YouTube, a especialista também fala sobre as últimas descobertas e ensina técnicas que podem ajudar no tratamento.

Marielly Campos